musical infanto juvenil em acto único. Estreou no dia 21 de Julho de 2007, no Auditório de Alfornelos, Amadora, Portugal.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Aleluia

Neste último dia do Ano de 2007 quando já devia estar alguns exemplares do nosso DVD nas mãos do apaixonados deste "Sonho", ainda me encontro às voltas com a edição artesanal desta obra.
Seguem-se explicações nos proximos posts já de seguida...
Quer dizer: no próximo ano !!

sábado, 15 de dezembro de 2007

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Não estou parado. Estive ...


vamos lá 5 semanas depois retomar a montagem do DVD.
Os alinhamentos video sonoros são um orientador perfeito.
Hoje lá tenho de largar uma centena de euros na FNAC para uns gigas adicionais.
É que há mais imagens inperdíveis.
Beijinhos a todos

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A Cidade Lá Fora ...




... iluminada pela lua cheia que ainda persiste.


No longíquo Peloponeso a Tragédia Grega dos incêndios.


Sessenta gigas de memória adicional para além da capacidade de disco rígido do portatil não está a ser suficiente para hospedar todas as imagens que quero que concorram para o nosso DVD.


sexta-feira, 24 de agosto de 2007

monotonia? ... nem pensar ...

Praticamente uma só camera a 35º do lugar de acção. Para que o visionamento não seja um enorme bocejo há mesmo que recorrer a todo o material não estatico possivel: as transições de cena, clips, imagens de ensaios e das projecções.
se se provar que o DVD não anima quem o vai ver, depois deste trabalhão a ser montado, sempre o poderei vender como artigo para combate às insónias. Tá decidido.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Começo da Edição

Ontem tive um almoço especial ! Foi com o Pai da Joana Raquel. Que agradável é conhecermos melhor os Pais dos meus preciosos talentos. Enquanto conversávamos o Pinnacle operava a captação dos 35 minutos de criatividade, das imagens da camera DV, deste talentoso Senhor. E pronto. Já tenho que chegue. Mais ninguém se chegou à frente com imagens video.
Fotos, há quem se queixe que alguém de não ter boas fotos porque foi proibido o "flash" no espectaculo.
Sinceramente, eu era director do espectaculo e até que não encomendei este sermão. Pior era a assistência a dizer adeus às meninas. Aí, sim, elas desconcentraram-se !
Mas estamos todos a aprender.
Hoje posso dizer que comecei a montagem do material.
dado tratar-se de um espectaculo musical, o fundo que servirá de batuta, de estrutura a esta "fita" é o som. Vou começar por montar uma peça de teatro radiofónico.
Há que buscar os CD's com os temas que serviram de base às coreografias e canções, mas também lhe dndo uma pitadinha do som ambiente, senão parece um teledisco do Quarteto 1111 em 1968.
Sem desprimor.
Até amanhã. Continuação de boas férias !!

sábado, 18 de agosto de 2007

Transformar Teatro em TV ...

... não é simples, claro que não.
Foi pensado um espectaculo, o que se faz fica feito e não é possível voltar atrás.
Em Televisão, ou no moderno Cinema, é possível ver de imdiato a cena, e corrigir e dar novas ordens a actores e tecnicos.
Aqui não: tem-se uma base que é a peça corrida, gravada pelo Senhor José Amaro no espectaculo de 21 de Julho, e é sobre esta base, sem grandes planos que irei colocar as diversas imagens.
Diversos problemas surgem na edição: há falhas de som no material base e não é possível colar de outros lados, porque a cena não existe noutros lados.
Aquela caixa de ar do palco do TPN faz um barulho medonho, mas é bom para dançar. As bolas de sabão da Boneca aqui não têm qualquer expressão, não existe grandes planos. Não há realização e montagem que supere isto. Não é Teatro, não é Televisão, é Teatro filmado, e ... sem planificação.
E é claro, ser Actor, e ao mesmo tempo Encenador, e agora realizador é demais.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Capturas

Ontem foi vespera de feriado . E lá tive de incomodar os Pais da Ana Catarina até às tantas para capturar as duas horas de imagem feitas pelo Sr.José Amaro em DV digital.
Depois desta base com o espectaculo mais ou menos corrido, tenho necessidade de pontuar o DVD com outras contribuições, de outros pontos de vista na sala. Mas não está a ser facil encontrar as pessoas disponiveis, pois tudo debandou de Lisboa para as merecidas férias.
Esta é aliás a melhor época para se viver em Lisboa.
Ainda não sei o que vou fazer com estas imagens!!
Todas boas, mas sem destaques ou grandes planos. É claro que só se pensou fazer o DVD depois do espectaculo. E claro, isto foi um espectaculo filmado, é a pura das verdades. Nunca fiz marcações a pensar em filme.
Seja o que Deus quiser. Estou a aprender.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O nosso DVD !



A ideia anda a fervilhar desde que as luzes do palco se apagaram:
Vamos fazer um DVD do nosso espectaculo.
Para isso necessito da ajuda de todos os os que fotografaram e gravaram videos no TPN, quer no Palco, quer no foyer.
A pedido de várias Famílias, vamos então reunir todo o material fotografado e sobretudo, video-registado, para uma compilação em formato digital.
Começa a estar na net algumas imagens, como esta que acabei de encontrar no blogue da Marta. Vamos então partilhar os momentos que vivenciámos lá no Teatrinho.
Fases do Projecto: começo imediato de recolha de material.
2ªFase: Edição
3ªFase: Cópias (a coincidir com o início das Aulas em meados de Setembro)
Não serão esquecidos nos créditos do DVD as contribuições, nem nenhum interprete ficará de fora do écran.
Mãos à obra !



terça-feira, 31 de julho de 2007

proximo Sonho ...


como vai ser o próximo Sonho ?
Chegará mesmo a haver, ou ficamos por aqui ?
(Praia das Maçãs, Sintra, hoje)

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Desmontar a Tenda

Aqui estou no TPN, a dar início à pós produção. Sala vazia cheia de flores e papelinhos, garrafas de àgua. Agora é desmontar o circo, e pagar a quem devo. Nos ultimos dias os custos de produção começaram a disparar pois, principalmente com tanto quadro, consumíveis, molduras de primeira qualidade, tudo comprado no IKEA e AKI, pois que nos chineses não é possível. Ficava mais barato nas lojas chinesas, mas estas lojas não vendem coisas em quantidade. Deve ser um acordo que eles têm, tipo cartel.
Sinto-me vazio. Depois de tantos dias ao serviço desta historia, já não tenho historias para contar.
Maldito calor. No Verão, peças no TPN, se calhar só mesmo à noite.
Na última representação houve algumas situações meio estranhas. O calor irritou as crianças, que até brigaram em cena aberta, e lá me esforcei para incorporar aquelas atitudes na acção.

O público quiz mais. Mas este Sonho porenquanto acabou. Hei-de pegar novamente numa folha em branco e imaginar outroi espectaculo.
Mas agora ? Estou vazio... e cheio de calor.

O Sonho Foi ...

Sonhos agora só os das noites de Verão. O nosso Sonho acabou (por enquanto?) com a chegada do Calor. Muito Obrigado por tudo e a todos.

domingo, 29 de julho de 2007

Lua Cheia de Emoções

hoje vai ser o ultimo espectaculo desta série de estreia mundial do Teu Sonho.

Ufffff ! Apetece respirar de alívio.

A questão mais crítica e sensível continua a ser a da lotação da sala. O TPN não admite nem mais uma cadeira na sala, por ordem dos Bombeiros. Ao emitir os bilhetes, que foram vendidos em envelopes para dois dias, estes não íam datados. Ora, o "perigo" de um "tumulto" na bancada da bilheteira é uma hipotese a considerar (sempre este "realismo" pró pessimista) . Nem imagina o leitor o que me custa nos tempos que correm, ter de recusar espectadores pagantes só porque não há bilhetes. Ora, isto de luta de bilhetes à porta de um Teatro, que eu saiba, faz parte do imaginário que temos dos tempos de ouro do Teatro Popular.

Eu não quero manchar com uma postagem negativa esta onda de comentarios aqui na net acerca deste espectaculo

O choro das mulheres feias, e o desabafos carpidos das belas mulheres na frase da Maria Joana, citando Oscar Wilde, tocou-me profundamente.

Vamos com calma. Fazer teatro em Portugal, assim como ter um café (essa prisão de porta aberta), ou trabalhar em empreitadas, é para herois. O que é um Heroi?

Um Heroi é todo aquele que faz o que pode.

Brava Dança, minhas Heroínas (Marta, Joana, Carla, Isabel, Catarinas). Adoro-vos

sábado, 28 de julho de 2007

O Sonho Foi Realizado

Ao António... um grande OBRIGADO! Obrigado por ter criado este projecto, obrigado por realizar o meu "Sonho"... Foram muitas semanas de trabalho, suor, stresses, cansaço mas também grandes momentos de alegria, sorrisos, gargalhadas...Fica a saudade do TPN, do espaço; dos técnicos; das crianças (adoráveis e como fizeram tudo tão bem); das lindas, fabulosas dançarinas do contemporâneo; do Capuchinho, a minha amiga maluca sempre pronta para tudo, e ao Tozé... seu "grande doido" ;)
Termino com uma lágrima no olho, mas de alegria, uma grande felicidade que nunca esquecerei!
OBRIGADA!

A Boneca :=)

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Sucesso ...

... e mais sucesso.
Ontem pelas 14 horas ainda nem todos os potenciais compradores tinham feito suas encomendas, e já a lotação de reservas para os proximos dois dias se apresentava esgotada.
Existem mesmo confirmações de ultima hora que nos obrigará, a pedir para as pessoas com mais resevas para reduzir um pouco o numero de bilhetes, ou pura e simplesmente recusar novas aquisições, o que pessoalmente me deixa muito insatisfeito.
A outra solução é ...
... não digo.
Vou ter de falar com muita gente.
Abraço, beijinhos a Todos, e muito muito obrigado.

sábado, 21 de julho de 2007

Conseguimos

é só o que tenho a dizer:
CONSEGUIMOS !!!

domingo, 15 de julho de 2007

a nossa história ...


Era uma vez a maior fábrica de software do mundo, que foi outrora um quarto de brinquedos, onde trabalham noite e dia, um grupo de meninas que foram proibidas de brincar, e sobretudo de sonhar. Todos os brinquedos da Cidade foram confiscados, assim como ficaram proibidas todas as histórias e tudo o que fizesse sonhar.O plano foi bem montado pela Mazona, e por um tal Papão, que nunca ninguém viu, mas que todos temiam. Assim, o plano consistia baralhar todo o lixo da cidade, deixar de haver reciclagem, e alimentar a Mazona deste lixo desorganizado, que por sua vez também continha todos os brinquedos confiscados, para que as crianças só comprassem os vídeo jogos.

No entanto duas das Meninas trabalhadoras, Sofia e Leonor, conseguem esconder das garras da Mazona e do Papão dois Bonecos, Inês e Tozé. São esses Bonecos que ganham vida sem que ninguém saiba, porque continuam a acreditar nos sonhos. O Tozé fica escondido numa prateleira virada para a janela que dá para a Cidade, e percebe tudo o que se passa lá fora. A Boneca Inês fica sempre arrumada virada para o quarto das crianças que também é o local de trabalho delas, e dali percebe tudo o que se passa dentro de portas.Os Bonecos conversando vão trocando impressões e aprendem um com o outro acerca de tudo o que se passa, e da tristeza que existe por terem acabado os sonhos.É neste esforço de persistência em sonhar e de serem bons amigos, apesar dos desaguisados, que faz surgir naquele local o Capuchinho Vermelho, algo combalido da viagem que fez desde a Terra dos Sonhos, e de ganhar movimento o cavalo Rocinante.

É o Capuchinho Vermelho que vem afirmar que é necessário partir para a Terra dos Sonhos e libertar das garras do Papão e da Mazona todos os brinquedos.Os Bonecos lançam-se então na viagem com o Rocinante e suas acompanhantes, e passam pela cidade, onde são alvo da curiosidade da triste população que deixou de sonhar.
O Capuchinho fica no Quarto das Crianças e por seu lado assume a sua face adulta para preparar todos os Humanos que uma nova era há de vir.No encalço dos Bonecos vai a Mazona, depois de ter dado com o Quarto todo revoltado. E quase consegue apanhar os Bonecos. Mas estes com a ajuda de Duendes da Floresta dos Enganos, de Bonecos perdidos e que não foram para o lixo, conseguem libertar todos os Brinquedos dos bidões de lixo, e conseguem reciclar, separando todo o lixo espalhado no País.Por outro lado, num combate final, os Bonecos conseguem fazer com que a Mazona coma o chocolate que faz sonhar. Nisto a Mazona volta a ser a boa pessoa de outrora, em que se chamava Manuela, e pede perdão a todos pelo que fez, revelando que o Papão não existe.

Finalmente Sofia e Leonor acordam deste Sonho, que foi apenas um Sonho das duas.

Terá sido mesmo, ou não?Nunca se saberá!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Questões de sala, e apoios

Têm sido colocadas algumas questões nas horas de ensaio do elenco infantil. Espero aqui responder a alguma coisa :)
- As crianças até três anos de idade não pagam bilhete, desde que (e podem )fiquem ao colo.
- É permitido captar todas as imagens durante os espectaculos, devendo se coibir de utilização de flashes, a não ser nos agradecimentos finais.
- É expressamente proibido ter os telemoveis ligados. Não vale colocar no silencio, porque estando ligados vai interferir com as ligações de TV em cena, que ainda são analógicas (não digitais).
- Deve ser respeitada a limitação da cena e do corredor entre o palco e a primeira fila, porque passa uma estrutura movel por esse corredor (o cuidado é com os pés com aqueles espectadores que preferem se deitar em vez de sentar, e com crianças a gatinhar :D)
- a nossa sala tem 74 lugares, estando reservado à partida 10 bilhetes para a companhia residente.


Agora vamos à pedincha:
-relativamente à possibilidade de se poder fotogravar e gravar o espectaculo, só peço que forneçam as vossas excelentes captações a este blogue de duração ilimitada. Digam lá que o Antonio não é um autor generoso?. É que esta questão de registos de obras protegidas por direito autoral é uma questão que não depende só do Autor.
-pedimos a alguem que seja avatar do Second Life para nos ajudar a divulgar o nosso espectaculo nesta cidade virtual

Quero aqui referir a preciosa ajuda que tem dado a D Teresa Conceição, Mãe da Catarina Conceição em diversos aspectos de ordem material nesta pequena grande produção.

Boa ...

boa notícia, tcham tcham tcham Tcham
...
A estreia tem LOTAÇÃO ESGOTADA.
Inacreditável.
Agora o lado periclitante: nem todos os Pais e membros do elenco ainda responderam ao meu apelo de reserva para os dois primeiros dias.
Portanto, agora só tratamos dos dois primeiros dias.
Vamos ter de fazer algo para aumentar mais uma dezena de lugares.
...
Casa cheia !!. Nem acredito.!
Ainda dizem que o Teatro está em crise!

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Só pra dizer...




... hum ...




...




Só para dizer




Feliz Aniversário Marta !!




terça-feira, 10 de julho de 2007

Dia em Cheio...







... foi o de ontem. Um dia com pelo menos 40 horas ...
A Joana vinda de Barcelona, mal teve tempo de pousar as malas. E estava no ensaio da noite, que pela primeira vez acho que o fizemos mais ou menos corrido.
Arranque do sistema de reservas de bilhetes, contactos com a Imprensa, ensaio com as crianças, filmagens da Inês Ribeiro e Catarina Conceição na Casa do Artista.
As alterações que fiz ao texto não foram do agrado da Marta e Isabel.
Sempre a "bombar". E já só faltam 11 dias.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Primeira Notícia

Noventa anos depois de Almada Negreiros em Antes de Começar, os Bonecos voltam a ganhar vida, quando os humanos não estão por perto.
Vamos contar uma história do fim dos tempos do Brinquedo, num qualquer quarto de crianças em Lisboa.
Os Brinquedos deixam de existir cedendo lugar aos videojogos, e a conteúdos mais agressivos actuais como seja o wrestling e o tunning.
Paira o fim dos afectos e do amor desinteressado para dar lugar ao egoísmo e ao materialismo. Ameaça-se a descrença nos valores do espírito humano. Toma lugar o esbanjamento em prejuízo da poupança.
Numa linguagem simples e bem humorada, num espectáculo para toda a Família, estas confissões de brinquedos que têm vida, é dirigida às crianças de todas as idades. Inscrito na mensagem dramaturgica, está o amor à natureza, ao ambiente, e à grandeza que se encerra na simplicidade das coisas, na aprendizagem da escuta dos silêncios, e só naquele coração simples de criança, que nos ajuda a entender o Mundo.

A montagem deste espectáculo traduz uma abertura das artes cénicas às novas tecnologias, fazendo delas parte do discurso semiótico teatral.
Em 90 minutos, seis actores e um corpo de baile infantil de 20 elementos, saídos dos Cursos de Dança na Casa do Artista, contam esta história.
O Teu Sonho é a primeira expressão da Escola de Teatro Musical de cariz português que se está a construir por iniciativa individual do Actor, e antigo Bailarino, Antonio Miguens, estabelecido no Centro de Formação da Casa do Artista.
Em dois meses montou-se para o Auditório de Alfornelos, casa do Teatro Passagem de Nível que apoiou na produção, uma manifestação cénica genuinamente portuguesa e original, através do canto, dança, representação com elementos multimédia (Televisão e Vídeo Digital), para além dos elementos de semiologia teatral clássicos, como seja a luz, a cenografia, ou os figurinos.

domingo, 8 de julho de 2007

Obrigado "migas" "

Hoje é Domingo, e dia do 8ºaniversário da verdadeira Sofia.
Um beijinho querida Filha.
Estou feliz. às 10h começamos o ensaio de toda a segunda parte.
Impecável Isabel Torres, impecável Marta Gomes. E as duas muito dedicadas.
Obrigado "migas" por contribuirem para um Domingo melhor.
Algumas fragilidades no texto vieram ao de cima, na cena em que o Tozé depara com a Mazona congelada atrás do Rocinante. O texto devia revelar um pânico dos dois Bonecos ao darem com a Mazona, que afinal os veio apanhar no centro da reciclagem.
E depois do Tozé se conseguir libertar das algemas, porque não mostra a Boneca Inês maior espanto por afinal ele ter conseguido se libertar.
A vida é bela. Amanhã senhores actores, há alterações de texto.
Sou eu o autor.

sábado, 7 de julho de 2007

Cartaz

Aí está o nosso cartaz. Autor: Ricardo Mendes

detalhes de uma encenação






O que ontem marcamos no palco, hoje discutimos, eu e a Carla. O Rui entre muitos afazeres, encontra os bidões da reciclagem, apresenta-me pequenos tacos de madeira para a estante que bambolea.
O TPN debaixo de uma barulheira infernal onde ensaia uma banda que se vai apresentar amanhã.
O Luis prometeu-me uma Luz surpreendente para este Sonho.
Falta detalhes a partir da Cena 51 até final. Domingo de manhã é hora de mais ensaios com Marta e Isabel.
Um Sabado em que quero recuperar acima de tudo o atraso face às reservas, e no que concerne aos contactos com a Imprensa.
Boa Noite.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Agora ... é juntar tudo

Cheguei agora do ensaio. O mais prolongado de todos. Agradeço muito muito muito à Carla Ferreira. Sem ela este espectaculo não seria o mesmo.
Com enorme sacrifício da vida pessoal, ali me apoia neste nosso delírio, que chamamos O Teu Sonho.
As estrutura está delineada, tudo marcadinho. Os ensaios com todas as alas juntas, dá-me a sensação que, só mesmo nos ensaios tecnicos e gerais. O que é manifestamente pouco.
Quem me manda a mim meter em cavalarias altas?
A ver vamos. Boa noite. Bons Sonhos

quinta-feira, 5 de julho de 2007

keep smilling



Faltam 16 dias.

Ontem à tarde eu e Marta colocámos o maior número possível de elementos cénicos e estabeleci em definitivo, todas as marcações da 2ªparte.
Nestas cenas por entre a sucessão de numeros musicais, é onde se opera o real desenlace da Historia.
Na Casa do Artista prosseguiram os ensaios de Dança, já com a Joana (a coordenar as danças e com a ideia de entrar com as Bonecas na Dança dos Moinhos), Catarina Conceição e Ana Catarina, mas com toda a gente a chegar atrasada.
... ... ... ... ... ... keep smilling !!

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Telegenia do Rocinante


um dos meios de semiologia teatral que apostei logo de início em introduzir neste espectaculo passa pela introdução de uma quinta parede, que é o olhar de uma camera fixa que transmite em directo para monitores de televisão virados para os espectadores.
Ontem fiz os primeiros testes no Palco, que correram muito bem.
O personagem mais telegenico é o Rocinante.
Hoje à tarde, ensaio dos Bonecos.
O sistema de reservas tarda em arrancar.
Mesmo que as coisas não estejam bem, no fim tudo se vai resolver.
Como ainda não se resolveram, é porque ainda não é o fim.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Oba oba ... elenco infantil e palco a vestir-se


Quando faltam apenas 18 dias para a estreia, eis que o grande desafio assenta nesses diamantes por lapidar que são as meninas talentosas, espertas e abertas à Vida, que são as nossas crianças.
Como vamos fazer? Gerir alturas, niveis etários, técnicos, tipo de movimento, proactividade, imaginações, desejos (existem mais do que se pensa).
Correu bem ontem o ensaio no TPN com a Marta e a Joana a crescerem incrivelmente de dia para dia. O texto está dominado permitindo umas quantas graçolas, por causa da bebedeira de sono. Eu sou o pior, e o que devia ter mais juízo. Diz a Isabel. Tenho juízo o dia todo, chego ali à noite e... palhaçada. Parece teatro de revista.
Fiquei encantado com o design do cartaz de Ricardo Mendes.

Falta tudo, canções com a Marta, corografia da Nova Partida, contactos com a Imprensa, arranque do sistema de reservas.
A juntar a tudo isto, estou com 13 disciplinas às costas com exames na Universidade, mais a gestão do Ballet na Casa do Artista, três textos para decorar para o casting de amanhã na NBP.

ai ai ai ai

domingo, 1 de julho de 2007

1ºDia do Tal Mês

Dia 1 de Julho, e já só faltam 20 dias. Ontem à tarde vim muito satisfeito do TPN.
Começamos por fazer as gravações dos videos a ser projectados com a actriz Isabel Torres. A pequena Inês (a verdadeira) divertiu-se imenso com a experimentação do circuito fechado de TV e que pus a funcionar no foyer.
Dois adereços foram construídos pelas mãos habilidosas e sabedoras do Rui Ferreira: a capa da enciclopédia das histórias e a placa do Rocinante.
Eu e a Carla estabelecemos novas soluções para a cenografia. Tarde de arraiais de São Pedro na Pontinha. A alegria volta a estar no ar, num fim de semana a adivinhar chuva.

sábado, 30 de junho de 2007

Eureka e Ondas de Choque

O ensaio da passada quinta feira, pôs a nú todas as fragilidades deste espectáculo. Foi como um terramoto, e as ondas de choque aí estão.
Entre os maiores problemas se assinala a actuação das crianças integradas no decorrer da história contada pelas palavras dos actores. Quanto ao elenco infantil estou a referir-me principalmente às personagens dos Duendes (4 e 5 anos).
As meninas ensaiaram na sala habitual onde têm a aula de ballet, é um habitat balectico que já interiorizaram e com o qual têm uma relação de afecto. As meninas que estão há mais de 6 meses no Ballet na Casa do Artista, de certa forma consideram aquela a sua casinha para dançar, aquele espaço é o delas.
Ora o que aconteceu na Quinta-feira? Viram ali o professor delas (eu) a representar um papel em que o nunca viram.
Viram pessoal técnico do TPN a olhar aquelas danças, sabe-se lá com que olhos, e discussões "entras por aqui, sais por ali", enfim.
E no meio de tudo isto o professor pede: "Venham aqui agora pró meio dançar "os nenúfares"”. Tudo diferente do habitual.
O que será então que vai acontecer quando passarmos para o palco, a ter de correr para entrar em cena por corredores escuros e silenciosos?
Vamos resolver isto! Às crianças tem de ser prestadas instruções de coreografia claras e definitivas nos ensaios de Dança já a partir de Segunda feira, dia 2 de Julho, misturadas com as deixas de texto, de forma que passarão a ter a certeza do que vai ser feito. Elas vão precisar de ter alguém que as acompanhe fisicamente, o mais possível, quer em Cena, mas sobretudo nos bastidores. Pois que as Meninas sabem melhor o que fazer em Cena do que nos bastidores, e da forma mais profissional que se possa conceber.
É necessário sobretudo elas ensaiarem o mais possível no palco do TPN, e de lhes ser dadas as entradas. Mesmo as meninas menos atentas são sempre “puxadas “ pelas mais proactivas.
Eureka!, lembrei-me à meia hora:
Vamos fazer assim: altera-se a história, colocando os Duendes como ajudantes do Capuchinho Vermelho, assim, quando o Capuchinho está em cena, os Duendes também estarão. Por outro lado e utilizando os recursos pessoais da Actriz Maria Joana como profissional da Pedagogia, ir-me-á ajudar na gestão das Crianças.
Isto tudo o que estamos a fazer, só faz sentido se os nossos meninos estiverem felizes. Este espectáculo é para os nossos Filhos, e feito por eles.
Não é coisa de adultos que utiliza Crianças.
Mas também não é nenhuma brincadeira de Crianças.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

A grande neura

A Catarina Conceição foi operada na passada terça feira, e não veio toda esta semana. A operação correu bem e está a recuperar. A partir da próxima semana, vamos voltar a apreciar o que na gíria do Ballet se chama “ataque”, que a Catarina tem, entre outras qualidades. Daqui um beijo com votos de boa recuperação.
O “ataque” consiste na capacidade física de resposta aos estímulos musicais, e traduz-se, e sintetizando, “entrar na música” (outro jargão) no tempo certo.
Ontem a Ana Catarina Nogueira fez no primeiro ensaio “corrido” (são tantos os jargões de teatro e dança que mais vale deixar de usar aspas), de forma impecável, as honras das jovens protagonistas. Com o equipamento de ensaio de ballet apresentou muito profissional nos seus 10 anos. Cantou com a Marta (que está a aprender bem a canção) os versos do tema O TEU SONHO (your song).
Dia azarado: O portatil pifou. A camara para as cenas da janela olhando a Cidade também está a dar o badagaio. E é um mal estar generalizado. Uma neura. Que saudades eu tenho das brincadeiras estúpidas. Está Lua Cheia, claro. Só podia ser. Até ouço o uivar dos coiotes.
Acompanhou-nos no jantar, e depois pontando (vêem? aqui no pontar já não há aspas!) as falas, tingindo o ambiente de grande simpatia, a Ana Mafalda Luz. Reparei no ensaio de texto, já noite adentro no TPN, ter uma boa dicção. Uma voz clara, e límpida nas deixas Leonor/Sofia. Está convocada futuramente, sem dúvida. É só encontrar o papel certo.
A madureza interpretativa das meninas de 10 e 11 anos, e das outras meninas na casa dos 20 anos é uma coisa séria. Estou a referir-me claro, e também, à Maria Joana e à Marta Gomes. É fantástico: mantêm a frescura dos twenties, aumentada por uma compreensão imaginativa adulta.
Está toda a gente perdoada por utilizar a lei de menor esforço, mas isso tem a ver com o carácter português. O que se calhar também não é mau de todo.Bom! Aqui me fico. O meu mal é … sono.

Arte Democrática e Exigente

O Teatro é provavelmente a mais democrática das Artes. Aquela onde toda a gente cabe, aquela em que existe menos diferenças entre amadores e profissionais. E porquê? Porque simplesmente o Teatro é a vida, a condição humana, tal qual ela é, onde todos nós cabemos.
Não é como a música, ou sobretudo a Dança, artes que exigem técnica.
O teatro baste que um gajo arranje umas cadeiras, atira-se lá para a frente a dizer um texto decorado, e pede um subsídio, porque está a fazer Teatro.
É como o Cinema. Coloca-se a câmara a filmar um gajo a beber, ou a matar um cabrito, ou uma desinibida a despir-se, e pronto aquilo sai qualquer coisa. Portanto acha que está a fazer cinema, e toca de pedir um subsídio.
Sem ser elitista, castrador, tem de haver um critério. E não há critério que não seja polémico. É uma discussão de décadas, nesta terra.
Assim desde o matarruano que trata tudo com os pés, até ao intelectual que não sai do diletantismo, tudo cabe nesta terra que Deus nos deu, tudo cabe no teatro.
Será assim?
Claro que não. Alguém disse que o Teatro é como o Mar, pois que devolve à praia tudo o que não lhe pertence.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

A Prova dos Novos

A contagem decrescente não pára: faltam agora 23 dias.
Hoje na Casa do Artista, vamos ter a prova dos nove, pela primeira vez se vai integrar o elenco de actores, com as pequenas bailarinas, e com o staff tecnico a assistir e a tirar notas.
Ontem foi dia de sessão foto grafica nas aulas de Ballet e Dança Contemporânea com o meu corpo febril, mas animado por este sonho.
Agradeço a todos a dedicaçãoe paciência.
Desculpas pelos meus devaneios criativos, nem sempre de bom gosto, a querer fazer com a Marta naquela cena "down" da Partida da Floresta, um pas de deux ao estilo do Bolero de Maurice Béjart.
Daaaaah! Trol !!

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Pas de Deux, Projecções e Dramas

A cena 59 é crucial, é o culminar de uma profunda trsteza dos Bonecas na situação em que se encontram : tentei uns passos de um pas de deux com música mágica de Rodrigo Leão (não sei qual o tema musical), e muitas questões tecnicas de Ballet agora pode ser tarde demais, mas a cena pode ser de ir às lágrimas. Esta é a cena em qua a Mazona surge em princípio numa projecção. Por isso discuti com o Luis Mendes as condições pra tal: terei de levar a minha torre de processador e gravar previamente a actriz Isabel Torres nas falas.
Nas marcações foi sobretudo bombar com as cenas do Capuchinho , entre as cenas 22 e 47.
Outra cena dramática é a 44, cada vez mais apurada. A Marta num tom adulto, lucido e conclusivo cita Manuel Alegre denotador das condição clandestina dos Brinquedos:
"Mesmo na noite mais escura, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não".
Já ouvi dizer que o Herói é aquele que faz o que pode.
Os Bonecos são por isso os Heróis desta história... mesmo que vacilem entre as duvidas, a fanfarronice e o caracter medroso do Tozé, e a ingenuidade da Inês.
Amanhã na Casa do Artista a grande convocatória para o primeiro ensaio corrido, integrando as pequenas actrizes e bailarinas, com os actores adultos.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Dança Barroca

A Mazona leu um unico livro que a fez sonhar: foi a história de Dom Quixote de La Mancha e do seu fiel escudeiro Sancho Pança.
As coisa que a Inês sabe da Mazona ! É incrível.
Claro que o Tozé mais conhecimento do mundo lá fora pois que o arrumaram de forma a que esteve sempre olhando pela janela. Mas a Inês tem a noção da eternidade, de um cosmos que se confina em quatro paredes.
Ontem pontuamos num ensaio, podres de cansaço que nem as falas sabíamos, esta cena lindíssima interpretada pela Marta, com uma Dança Barroca.
E do que é que nos lembrámos? da Marie Antoinette, da Sofia ... Coppolla.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Tá feito!

Acabei agora de teclar no portatil, depois do primeiro café do dia, a letra da Canção para as meninas actrizes começarem bem o dia, e a cantar.
Foi em 2003, a partir do som your song, que me ocorreu fazer o tema em português "teu sonho". Foi daqui que nasceu o título desta peça.
São palavras em português metidas a martelo sobre a extraordinária melodia de Your Song. Ficou assim :
CATARINA CONCEIÇÃO:
Chegou a manhã
Tive um sonho e não sei
Mistério tesouro
Fácil se foi
Ah tivesse eu dinheiro …
O que faria?
Comprava uma casa onde pudéssemos viver

ANA CATARINA NOGUEIRA:
Se me dessem uma cor
Pr’a pintar a manhã
Como a nuvem que caiou
Todo o amor, por onde passou

Pode não ser muito o que
Tenho para dar
Meu dom é este sonho
Que te estou a contar

AS DUAS:
Podes contar a toda a gente
Este é o teu sonho
Gelado, profundo e quente
Triste e risonho
À lua também
Ao sol também
O brinquedo mais amado
Que bela é a vida se estiveres a meu lado


TOZÉ:
Solta-se a voz,
Acende-se a luz
No ar, voltam os versos
Feitos pra nós
De qualquer modo por entre as estradas
Por ti parti
Pra gente como tu…
Este é o teu sonho


MARTA GOMES:
Rocinante na Terra
15 Milhões de anos-luz
Por entre crianças
Amarelas, verdes azuis
De qualquer modo por entre as estrelas
Por ti parti
Teu sonho é afinal
O mais belo que vi

Podes contar a toda a gente
Este é o teu sonho
Gelado, profundo e quente
Triste e risonho
À lua também
Ao sol também
O brinquedo mais amado
Que bela é a vida se estiveres a meu lado

01-teclado

Há cerca de cinco anos a cantora Fatima Padinha (ex-Doce) teve um gesto lindíssimo para mim. A sua menina Catarina (Padinha e Passos Coelho) era minha aluna no Externato das Pedralvas e ao ouvir os CD's com que dava as aulas, gravou-me para mim e ofereceu-me o "Brincando Com Os Clássicos", dizendo-me: agora vais fazer aqui umas danças com isto.
Logo o primeiro tema é "A Máquina de Escrever". Essa batida alucinante com a qual já Jerry Lewis aplicou nos seus sktches há 30 anos.
A partir desta data, praticamente não houve apresentação do Ballet das Pedralvas em que as meninas não dançassem isto.
Dada a rapidez dos movimentos e as linhas de evolução tornou-se uma dança para a partir dos 6 anos, mas que meninas de 4 anos chegaram a dançar (tenho videos do "Teclado" com Carolina Silva, que por estar de férias não vai estrear este Sonho). O grito inicial foram as meninas que o inventaram.
Já não há maquinas de escrever.
Os teclados agora são todos QWERT (ao invés do antigo AZERT, chamado o teclado nacional português). As nossas meninas nem fazem ideia que os movimentos que fazem são familiares aos que têm mais de 40 anos, e até mais novos.
É esta coreografia que vai abrir o nosso musical, dançado pelas Meninas oprimidas da Fabrica da Mazona.

domingo, 24 de junho de 2007

São João Baptista

Falta menos de um mês. Faltam 27 dias!
Qual 27 dias, pra mim é já amanhã.
O ensaio de ontem correu bem, mas é sempre coxo, nunca consegui juntar o elenco todo de actores. A minha voz começou a ter alguns embargos de colera.
Tive até a notícia que meninas há, que é mesmo capaz de não virem nos dois proximos fins de semana. E mais aquelas faltas de protagonistas. Ou o trabalhar desalmadamente numas horas, porque depois vai haver umas dores de cabeça, quando não depressões. Enfim.
Toda a gente está bem, todos a executar momentos de arte sublime. Mas ... mas ... mas ... :
"Professor, posso ir embora às 7 horas?"(mais cedo); "Olhe, amanhã não posso vir. Tenho uma consulta no medico, marcada há dois meses"; "Antonio, amanhã é o meu aniversário, vou comemorar".
Tudo bem. Tudo bem. Tudo bem.
Vai ser um sucesso. Claro que vai. Sucesso. Sucesso. Sucesso.
Coisa nunca vista.
Claro hoje em dia tudo aparece feito, já amadurecido. Isso de as coisas se fazerem ao longo de um processo cronologico mais ou menos dilatado, é coisa de totós.
Que mentalidade é esta, em que a propria profissional que já não está neste projecto, e outros amadores (embora pensam que o não são), de julgar que o talento e o profissionalismo é tal de tal envergadura que nem precisam de ensaios ?
Bolas pra isto. Estou chateadíssimo.
Vou-me agarrar a essa figura de São João Baptista, o percursor do Messias, cujo exemplo de desapego, compromisso e entrega tanta falta faz nos tempos que correm.
Um santo que comeu lagartixas e mel silvestre, e que é celebrado com sardinhadas regadas a bom vinho. Antes isso.
São estas as reflexões neste dia de grande solidão do encenador, cujo trabalho é apenas decidir e comunicar. É tão difícil, é tão essencial, e é depois tão pouco quando o pano subir ...
Gostava de chorar. Também tenho direito. Mas não posso.
Amanhã já só faltam 26 dias, depois 25, depois 24, 23, 22 , 21 ...

terça-feira, 19 de junho de 2007

Doroteia

Criar em Teatro é isto mesmo. Escolhas rápidas, decisões difíceis, novos compromissos dentro do barco deitado ao mar, e que já navega em direcção a bom porto.
A história que vamos contar tem menos um personagem. Esse personagem não acrescenta e não retira à historia o sentido essencial. O personagem foi criado para um interprete. Ora o interprete não participando no espectaculo, retira-se o personagem. Faltam 32 dias.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

realidade virtual... realidade teatral

O Teatro é uma arte colectiva.
Mesmo se tratando de um monólogo.
Esta arte não tem nada de solitário, como a Pintura.
O Teatro não se cumpre na Escrita Teatral, nem na Dramaturgia, e o Actor não representa sem olhares.
O Teatro só se cumpre no encontro de Pessoas, e Vontades.
Qual o lugar então neste contexto das novas tecnologias.
...
(Não chegaa s lá pois não (deixa do Boneco))
Um lugar capital nos tempos que correm direi eu.
a preparação do actor, e da cena é trabalho de um encenador. Mas não é mandar, e dar ordens para a direita e para a esquerda(outra deixa), Só. O trabalho de encenção é um trabalho de comunicação, e também muita, muita, flexibilidade.
Passamos aquelas semanas terriveis de Junho em que é só feriados, e vamos entrar naquela semana que é o fim das aulas.
O que aí virá?. Apesar do conforto que me dá a inteligencia e sensibilidade da Maria Joana, da Marta Gomes e da Carla Ferreira (não me esqueci de ti Isabel, só estou a falar dos ultimos dias), o plano de produção está atrasadote.
Investi tempo nas novas tecnologias da informação, ou seja construí um Caderno de Encenação em Excel, ligado ao Word, capaz de ao se fazer uma alteração de detalhe numa cena, vai-se repercurtir no documento final em posse do Encenador, da Carla, do pessoal tecnico.
Vamos ver como funciona.
Logo temos ensaio no TPN.
E já só faltam 33 dias.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

a iniciativa 100%

O tempo escapa-se como areia por entre os dedos. A esta hora a contagem decrescente já indica que só falta 36 dias.
Vim do ensaio. Um bom ensaio. Marta com o papel decorado, mas sobretudo já vejo na actriz uma assumpção da profundidade psicológica da personagem da Boneca.
Apareceu no ensaio a nossa companheira das Aulas de Ballet Adultos e Dança Contemporânea, Mafalda, que fez de ponto.
Joana Almeida num Capuchinho cada vez mais seguro, a Carla é um suporte para mim singular, assim como a Isabel Torres (podre de cansada, assim como eu).
No final, escolhi com Carla a imagem do cartaz mais condicente com o tema do espectáculo: os sonhos.
No inquérito online que faço aos Pais e Alunos das aulas de dança, na questão onde indago da pertinência da montagem deste espectáculo, 100 % das respostas é “excelente iniciativa”. Palavras para quê, maior unanimidade não há.

domingo, 10 de junho de 2007

Breve retrato da Mazona

A Mazona estava ontem no Pavilhão Atlântico para assistir ao wrestling.


Comecei um artigo com uma frase mentirosa. Mas se a Mazona fosse verdadeira, era do wrestling que ela iria gostar, e muito?
A Joana, brilhante interprete da nossa Capuchinho esteve lá no Pavilhão Atlântico e assistiu a tudo. Os putos que gostam daquilo, não devem gostar mesmo de brinquedos e fazem o jogo do Papão.
!!
Na nossa história a Mazona consegue dominar porque:
-Obriga as meninas a trabalhar
-Impediu toda a gente da cidade de sonhar, ou de brincar, o que vai dar ao mesmo
-Tem carácter de ditadora, e exerce a ditadura
-Inventou a história de um tal Papão
-Nunca mais provou chocolates
-Transformou os brinquedos em lixo não reciclável, do qual se alimentava
-Por o lixo por reciclar lhe dar mais força, trocou e sabotou todos os sistemas de reciclagem da Cidade

Mas ela acaba por perder esta batalha. E porquê?

-Não sabia que havia dois brinquedos que haviam sobrevivido
-Acabou por comer o chocolate que faz sonhar
-Não contava que a Capuchinho se escapasse da Terra dos Sonhos e fosse ao de encontro dos Bonecos naquele quarto
-Porque o lixo foi separado e reciclado
-Porque o Bem sempre triunfa

sábado, 9 de junho de 2007

Prazo 3 começa amanhã ... ui ui

Estou a ultimar o plano de produção que começa amanhã e vai até 25 de Junho
é o prazo 3, faltam 41 dias.
No teatro o tempo nunca sobra
Estes 15 dias são uma hora da verdade, é aqui que se vai decidir o sucesso desta produção ... Ou o flop
Venho então por este meio solicitar o seguinte:
Vamos estar todos os dias muito atentos às nossas caixas de correio
Fixar textos e compreender eventuais cortes
Não faltar aos ensaios, eles até que nem são muitos
Perdoar as pressões do Antonio
Acreditar que o Sonho comanda a Vida
Participar no blogue o Teu Sonho, e claro, consulta-lo diariamente e divulgar pela nossa lista de contactos
Pensar que existe uma Mazona que respira dentro de cada um de nós !
Que o Rocinante vos guie ( ele agora tem a Doroteia como grande acompanhante) Abreijos

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Primeiros passos do Rocinante


Nesta nossa história, o Rocinante, cavalo do "ultimo sonhador" que foi D Quixote ganha vida sempre que pronunciamos o nome dele, gostamos muito uns dos outros, e acreditamos no Sonho.
Doroteia, é a camponesa que é o lado humano que se anima deste cavalo perdidi e que chega à nossa história.
Os primeiros passos foram no ensaio da passada terça feira na Casa do Artista, ao som de "Eternity a Day". A bailarina é Marie Soler.

Corpus Christi

Esta semana ficou decidido que afinal os espectaculos serão às 18h. Claro que é uma boa opção dado que dará tempo de as crianças e as famílias aproveitarem o dia para a paraia, por exempo. E depois às 18 h já há menos calor que às 4 da tarde.

No Teatro nunca temos tempo de sobra..
Vamos aproveitar o feriado do Corpus Christi para actualizar a checklist de produção.
Para que se me acabe o nervoso miudinho.
Faltam 44 dias para a estreia

sexta-feira, 1 de junho de 2007

nervoso miudinho...

Não gosto de nervoso miudinho, nem de nervoso nenhum. Quem é profissional não tem, nem se pode dar ao luxo, de estar nervoso. Faltam agora 50 dias e a contagem decrescente não pára.
E estou a ficar com nervoso miudinho. Dizem que o stress é próprio do humano, pois que o incita à acção, e o protege das ameaças naturais. Mas quando a acção começa a tropeçar em bloqueios só porque o que devia estar feito não aparece. Aí, bom... Há que corrigir o que está menos bem.
E a contagem decrescente não pára.
Se bem que a equipa seja em 90 % amadora, não é desculpa. Temos de ser amadores amantíssimos e dar a atenção especial, e não só a atenção necessária. Vamos então ser especiais, senão não se me acaba o nervoso miudinho.

Ainda sobre Almada e a sua época

José Sobral de Almada Negreiros (1893-1970) nasceu em São Tomé e Príncipe, Portugal. Em 1905 já redigia e ilustrava jornais manuscritos (“A República” e “O Mundo”). Publica seu primeiro desenho em “A Sátira” e faz sua primeira exposição individual de 90 desenhos, em 1913. Escreve, em 1915, o “Manifesto Anti-Dantas e por extenso” e é publicado o primeiro número da revista “Orpheu”. Retorna de sua estada em Paris, em 1920. No ano de 1925 pinta dois painéis para “A Brasileira”, um café do Chiado, em Lisboa. De 1927 a 1932 mora em Madrid. Em 1938, conclui os vitrais da Igreja de Nossa Sra. de Fátima. Pinta o famoso retrato de Fernando Pessoa (“Lendo Orpheu”), para o restaurante “Irmãos Unidos”, em 1954. Em 1951, o SNI lhe confere o “Prêmio Nacional das Artes”. Em 1966 é eleito membro honorário da Academia Nacional de Belas Artes. No ano seguinte recebe o Grande Oficialato da Ordem de Santiago Espada. No ano de 1970, o pintor e escritor morre em Lisboa, no mesmo quarto em que morrera o poeta Fernando Pessoa. Companheiro de geração de Pessoa, é considerado um dos maiores pintores lusos, além de escritor e agitador cultural. Sua importância na cultura portuguesa é sentida mesmo após sua morte. Deixou contos espalhados por revistas de vanguarda de curta duração.
Obras: O Moinho (1912 – teatro)Manifesto Anti-Dantas e por extenso (1915)A Engomadeira (1917 – novela)A Cena do Ódio (poema publicado na revista Portugal Futurista em 1917)A Invenção do Dia Claro (1921)Os Outros (1923 – teatro)El uno, trajedia de la unidad (1927 – teatro)S. O. S. (1929 – teatro)Nome de Guerra (romance, 1938)Antes de Começar (teatro)Deseja-se Mulher (1959 – teatro), Poesia.Texto extraído do livro “Os cem melhores contos de humor da literatura universal”, Ediouro – Rio de Janeiro, 2001, pág. 425, organizado por Flávio Moreira da Costa.
Artista plástico e escritor português, natural de São Tomé e Príncipe, onde o pai era administrador do concelho da cidade. Estudou no colégio jesuíta de Campolide, para onde entrou em 1900, aos sete anos de idade, após a morte prematura da mãe, em 1896, e a partida definitiva do pai para Paris nesse mesmo ano. Aí realizou os jornais manuscritos República, Mundo e Pátria. Após o encerramento do colégio frequentou, entre 1910 e 1911, o liceu de Coimbra, de onde passou para a Escola Nacional de Belas-Artes, em Lisboa. Em 1915, integrado no grupo Orpheu, centrou a sua polémica ideológica numa crítica cerrada a uma geração e a um país que se deixava representar por uma figura como Júlio Dantas. Mostrando-se convicto de que «Portugal há-de abrir os olhos um dia», lançou, em 1917, um Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX, precavendo-as contra a «decadência nacional», em que a «indiferença absorveu o patriotismo».
Entre 1919 e 1920 retomou os estudos de pintura em Paris, onde criou a sua característica assinatura, com o «d» do seu nome a elevar-se, marcando a sua individualidade. De regresso a Lisboa, adquiriu uma serenidade bem expressa na sua afirmação de que «entre mim e a vida não há mal entendidos». Mas, em 1927, de novo desgostoso com a falta de abertura do país às novas correntes ideológicas e culturais, foi para Madrid. Aí, como já antes o fizera em Lisboa, a par da sua actividade nas artes plásticas, colaborou com a imprensa. Com o agravamento da crise económica e social espanhola, após a proclamação da República, Almada regressou a Lisboa, em Abril de 1932. À consciência nacional que Paris lhe trouxera acrescentou agora uma «consciência ibérica culturalmente definida por valores líricos de uma certa lusitaneidade». Em 1934, casou com a pintora Sara Afonso.
Almada Negreiros, conhecido como «Mestre Almada», colaborou nas revistas de vanguarda Orpheu (de que foi co-fundador), Contemporânea, Athena, Portugal Futurista e Sudoeste (que dirigiu). Participou em exposições de arte, nomeadamente na I Exposição dos Humoristas Portugueses (1911), a primeira do modernismo nacional. Como artista plástico, são de realçar os seus murais na gare marítima de Lisboa, os trabalhos para a Igreja de Nossa Senhora de Fátima (mosaico e pintura) e o célebre retrato de Fernando Pessoa. Pintor do advento do cubismo, a sua actividade artística estendeu-se ainda à tapeçaria, à decoração e ao bailado.
Como escritor, publicou peças de teatro (Antes de Começar, 1919; Pierrot e Arlequim, 1924; e Deseja-se Mulher, 1928); o romance Nome de Guerra (escrito em 1925, mas publicado apenas em 1938, é considerado um dos romances fundamentais do século XX português e o primeiro em que se manifesta já a arte modernista); os poemas Meninos de Olhos de Gigante (1921), A Cena do Ódio (escrito em 1915 durante a Revolução de Maio contra a ditadura de Pimenta de Castro e publicado apenas em 1923, consiste numa descrição violenta do Portugal da época, em que se exprime uma dialéctica de amor-ódio que seria a tónica dominante das relações do artista com a pátria), As Quatro Manhãs (1935) e Começar (1969); e uma série de textos de crítica e polémica, dispersos pelas publicações em que colaborava. De entre estes, destacam-se o Manifesto Anti-Dantas (1915), verdadeiro libelo de reacção ao ambiente cultural estagnado e academizante da época, o Manifesto (1916), o Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas (1917) e A Invenção do Dia Claro (1921), conferência sob a forma de poema. A sua obra representa uma síntese, única na sua geração, das tendências modernistas e futuristas de então, não apenas por, como artista, ser multifacetado, mas também pela sua capacidade de fusão e conjugação, nas letras e na pintura, das vertentes plástica, gráfica e poética. Em 1970 e 1988, foram publicadas duas edições de Obras Completas de Almada Negreiros, comemorando a última o centenário do autor.
Artista da novidade e da provocação, em demanda de «uma pátria portuguesa do século XX», atento à busca de uma unanimidade universal e profundamente marcado pela herança e o sentido da civilização europeia, foi uma das grandes figuras da cultura portuguesa do século XX. Artisticamente activo ao longo de toda a sua vida, o seu valor foi reconhecido por inúmeros prémios.
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Orpheu

Revista literária portuguesa de que saíram dois números, em Março e em Junho de 1915. Constituíu um marco fundamental na história da literatura portuguesa, devendo-se-lhe a introdução do movimento modernista. Nela colaboraram Luís de Montalvor, Mário de Sá-Carneiro, Ronald de Carvalho, Almada Negreiros, Fernando Pessoa (ortónimo e Álvaro de Campos) e Ângelo de Lima, entre outros. Entre os textos publicados, contam-se poemas célebres de Pessoa, como «Ode Triunfal», e «Chuva Oblíqua», e «Manicure», de Mário de Sá-Carneiro.
A revista respondia ao desejo deste grupo de artistas, influenciados pelo cosmopolitismo e pelas vanguardas europeias, de escandalizar a sociedade burguesa, agitando o meio cultural português — o que foi conseguido, tornando-se os autores objecto da troça geral. O terceiro número da revista, embora já impresso, acabou por não ser publicado. Na esteira da Orpheu estiveram outras revistas ligadas ao modernismo, como a Centauro (1916) e a Portugal Futurista (1917), inaugurando a Presença (1927) um segundo ciclo do modernismo em Portugal.

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modernismo
Termo que designa o culto do moderno, ou seja, e em termos gerais, de tudo aquilo que se opõe à ideia de clássico e de tradição. O modernismo surge, assim, como conceito associado a uma ética do progresso, da aceleração das inovações e experiências (formais ou plásticas) conduzidas pelos movimentos de vanguarda do início do século XX, em função da ideologia do novo como valor ético e estético, da autonomia da arte, e da recusa da realidade como modelo para esta última. Por outro lado, refere-se a uma geografia da arte que se organiza em torno de Paris, como principal centro da criação, desde finais do século XIX e até meados do século XX, a qual tende a reflectir o estado da modernidade (das inovações formais) que ali se vive. Assim, o modernismo encontra seguimento em países como Portugal, Espanha, Brasil, nos quais representa o movimento de ruptura com a tradição naturalista de oitocentos, de acordo com as tendências e os modelos desenvolvidos na capital francesa. Em Portugal, a geração congregada em torno da revista Orpheu, cujo primeiro número saíu em 1915, e a que pertenceram nomes como Almada Negreiros, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, foi a introdutora do modernismo. Nas artes plásticas, são de destacar Amadeo de Souza Cardoso e Santa-Rita Pintor. Considera-se ainda que a revista Presença (1927-1940) marca, na literatura portuguesa, um segundo modernismo, que recupera e promove a geração de Orpheu, cujo reconhecimento público fora reduzido.

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futurismo
Movimento artístico europeu influente entre 1909 e 1914, com origem na cidade de Paris. Nas suas obras, os futuristas fizeram a exaltação do mundo moderno, da «beleza da velocidade e da energia», do dinamismo, da vertigem febril, e, inclusivamente, da beleza bélica. O poeta italiano Filippo Marinetti publicou o Manifesto Futurista em 1909, exortando os artistas italianos a juntarem-se a ele e a aderirem ao futurismo. Nas artes plásticas, combinando o jogo de planos e formas geométricas do cubismo com cores vibrantes, pretendiam atingir o dinamismo de um automóvel ou um comboio em movimento, por exemplo, através da repetição simultânea de formas. Na literatura, a expressão do movimento passaria pela dissoluçção das estruturas sintácticas e semânticas tradicionais, pela expressão totalmente livre e pelo aproveitamento da palavra enquanto elemento sensível. Como movimento, o futurismo desapareceu durante a I Guerra Mundial.Em Portugal, expressões do movimento futurista integraram as primeiras incursões modernistas no país, contemporâneas da revista Orpheu. Estreitamente ligado ao futurismo esteve o sensacionismo, de Fernando Pessoa. Almada Negreiros (Manifesto Anti-Dantas) e Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa («Ode Triunfal», «Ode Marítima») foram pioneiros no futurismo português, em que se integram também alguns textos de Mário de Sá-Carneiro. A agitação provocada nos meios artísticos académicos pelo movimento ficou marcada, em 1917, pela primeira conferência futurista, no Teatro República. O apoio dado ao movimento por José de Almada Negreiros, que se autodesignou como «poeta futurista», era já evidente nessa conferência, com o seu Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX, publicado no único número do Portugal Futurista (1917), órgão do movimento. Nas artes plásticas destacaram-se Santa-Rita Pintor e Amadeo de Souza Cardozo.

Couto Viana sobre Almada

No Verão de 1937, tive uma excelente oportunidade de conhecer Almada. E perdi-a. O pintor, acompanhado pela mulher, Sarah Afonso, instalara-se em Moledo do Minho. (Por muito tempo, nas gavetas da papeleira do meu pai, andaram umas fotos em que se via o casal de artistas, durante essa estada, posando nas poldras de um riacho. Com a nossa mudança de Viana do Castelo para Lisboa, muitas coisas ficaram pelo caminho e, entre elas, esses retratinhos oferecidos à amizade dos meus, lembrando momentos agradáveis.) Julgo que a subida ao Norte foi para poder realizar, em sossego, os cartões dos vitrais destinados à Igreja de Fátima - minha vizinha lisboeta. Os dois pintores reataram, então, com meus pais, velhos laços de conhecimento e camaradagem. Com efeito, minha mãe fora colega de Sarah, no colégio de S. José de Cluny, em Viana. O pai da artista era oficial do exército, creio que em serviço num regimento aquartelado em Valença, e a filha passou a frequentar aquele colégio de freiras francesas (extinto aquando da implantação da República), onde minha mãe, vinda das longínquas Astúrias, a foi encontrar. Por sua vez, meu pai participara numa das exposições modernistas efectuadas no Jardim Passos Manuel, do Porto, em 1915 e 1916, em que Almada apresentou alguns trabalhos. Daí, o primeiro encontro entre os dois, que possuíam amigos comuns, igualmente expositores: o Diogo de Macedo, o António de Azevedo, o Balha e Melo, o Barradas, o Luís Filipe... Mais tarde, em 1919, quando da chamada revolta de Monsanto, de inspiração monárquica, meu pai foi detido juntamente com um irmão de Almada, também oficial do exército, e, durante a prisão (no Forte de Monsanto? Em S. Julião da Barra? No Lazareto do Funchal?), dando largas ao seu talento de caricaturista, fez-lhe um retrato que o autor d'A Cena do Ódio sempre me elogiou, com o maior entusiasmo. E, por certo, outras oportunidades houve, durante vinte anos, para meu pai e Almada se encontrarem, relembrando tempos heróicos de vanguardismo, medindo o caminho andado por cada um na arte e na vida. Ora nesse Verão de 1937, possivelmente em Agosto, o casal tinha estado em nossa casa e Almada dispusera, no chão da sala, os inúmeros cartões já terminados, cobertos de anjos e virgens, com a pureza e elegância do seu traço inconfundível. Meus pais e minhas irmãs, de joelhos (que melhor posição haveria para adorar aquela beleza?), ficaram tempo sem conta presos de um deslumbramento. Mas eu não pude partilhar da surpreendente revelação: os meus catorze anos estavam na Foz do Douro, entretidos a marchar em passo de ganso, para alcançar as insígnias de comandante de castelo da Mocidade Portuguesa. Claro que quando, acima, falei em conhecer o pintor, referia-me a conhecê-lo pessoalmente, pois Almada há anos que estava presente na curiosidade de minhas irmãs e minha, desde que nos habituámos a devassar a biblioteca paterna. Ao alcance das nossas mãos buliçosas e dos nossos olhos ávidos, lá figuravam o Pierrot e Arlequim, com o seu irritante i de cabeça para baixo, o Manifesto Anti-Dantas, tão divertidamente manuseado que acabámos por lhe arrancar algumas folhas, a colecção da SW, e ainda números de A Sátira, da Contemporânea e d'A Ideia Nacional. Nesta última, havia uma capa, desenhada por Almada, que eu preferia a todas as outras. E, qual não é o meu espanto, quando, muito tempo depois, ao ler A Engomadeira, a vejo citada pelo próprio autor: «Ora foi justamente o senhor Barbosa um dos primeiros que me veio dar os parabéns por causa de um Cristo por mim publicado numa revista de rapazes, A Ideia Nacional, cuja única particularidade para os outros foi ser verde e não ter cabeça.» Mas o que realmente o Cristo não tinha era rosto. A cabeça estava lá, pendente e coroada de cabelos em cachos e de espinhos. E continuava Almada, afirmando a sua saudável independência: «Justamente como se eu tivesse tido a ideia de fazer uma cabeça de Cristo e não um Cristo inteiro. Não me dirá o senhor Barbosa o que terá percebido do meu Cristo? Que fosse partida aos católicos? Julgou que era a minha adesão à República? Julgarão também os católicos que me merece alguma consideração essa arcaica restrição religiosa? Julgarão acaso os católicos que pretendi cantar-lhes a devoção? Julgarão os monárquicos também alguma coisa em seu favor?» Depois estalava uma farpa ao director da revista (Homem Cristo Filho): «Cristo, cuja única nódoa consiste em andar recentemente a dar extensão a apelidos de pessoas que não são muito extensas (...)»
A Engomadeira, dedicado a José Pacheco (aliás, o director artístico d'A Ideia Nacional), foi, segundo o autor, escrita em 1915, embora revista em 1917. É, por conseguinte, fruto dessa revisão o texto transcrito, pois o desenho de Almada aparece no número 21, do dia 20 de Abril de 1916, comemorativo da Semana Santa. A propósito destas datas, um devaneio: a camaradagem de meu pai com Almada e Eduardo Viana pode tê-lo levado a conhecer Sónia e Robert Delaunay, quando da estada destes em Vila do Conde ou Valença. Meu pai regressara da Alemanha, onde estudava engenharia, logo após a deflagração da I Guerra Mundial, e só partiria para o front, como alferes miliciano, em Junho de 1916 - sensivelmente na altura em que os Delaunay iriam viver para a vila raiana. Neste espaço de tempo, algumas oportunidades se ofereceram a meu pai de tomar contacto com o casal de pintores. E não teriam estes, pelo menos, solicitado os serviços de meu avô, ao tempo, vice-cônsul da França em Viana do Castelo? Agora, já é impossível desfazer dúvidas. E, afinal, a quem pode isto interessar? Não viajarei «no side-car da glória dos outros». Vou continuar:
Em 1946, vim, com toda a família, viver para Lisboa. Aqui, iria satisfazer um dos meus maiores desejos de literato furioso: ver e ouvir Almada-Negreiros. E digo ver e ouvir e não falar a, porque a minha doentia timidez não me permitia acarinhar a esperança de erguer a voz diante do último mago do Orpheu. Foi o caso que uma notícia de jornal anunciava a próxima realização, no Centro Nacional de Cultura, de uma conversa sobre arte, orientada por Almada e por Fernando Amado. Logo minha irmã Maria Adelaide e eu pedimos a nosso pai umas linhas num cartão de visita, apresentando-nos a Almada e rogando-lhe que conseguisse, da parte do Centro, deixar-nos assistir ao serão. Quando chegámos à sede do Centro Nacional de Cultura, instalada, então, num primeiro ou segundo andar do Largo de Trindade Coelho, Almada já lá se encontrava e recebeu-nos de braços abertos. Em cerca de dez anos (lembrava-me dos tais retratinhos que muita vez examinei, reverente), não se tinha modificado muito. Era, ainda, o «menino dos olhos de gigante», com aquele sorriso um tanto ambíguo que lhe descobria os dentes cerrados. Alto, magro, de uma elegância de bailarino, os seus gestos desenhavam no ar piruetas de arlequim. Iríamos apreciar, daí a pouco, como essas piruetas não tinham só movimentos, mas voz. Que extraordinária noite para os nossos olhos e ouvidos provincianos! Ali estavam, misturados connosco, rostos célebres, divulgados pelos jornais e revistas; nomes célebres, lidos na base de uma tela, no frontispício de um volume, no remate de um artigo ou poesia.
- Olha o Eduardo Viana!
- Olha, aquele é o António Dacosta!
Minha irmã e eu não nos cansávamos de reconhecer, entre a assistência, os célebres, e, no íntimo, prestar-lhes homenagem.
Esta conversa sobre arte está reconstituída nos números 5-6, da revista Cidade Nova (1950). Leiam-se as intervenções de Almada. E admirem-se. Brilhantes, certeiras, convincentes. E sempre inesperadas e afiadas, lembrando tempos heróicos das manifestações futuristas do Chiado-Terrasse. É fiel o relato publicado, no que respeita a Almada e aos outros intervenientes, salvo na contribuição de Fernando Amado (deve ter sido ele o revisor da prova para a revista), que aparece mais desenvolvida e mais bem ordenada. Nessa noite, Fernando Amado revelou-se-me o que, mais tarde, em convivência íntima, havia de confirmar: um homem com uma saliente dificuldade de expressão diante de amplo auditório, mas extraordinariamente fluente e aliciante na presença de dois ou três ouvintes. Eu já conhecia este escritor através do Aléo, onde viera publicada a sua peça O Retrato de César, e de algumas obras de doutrina monárquica. Creio que, no mesmo ano da conversa sobre arte, assisti, no Teatro do Ginásio, a um espectáculo em que Fernando Amado figurava como autor, actor e encenador, e era constituído por A Caixa de Pandora e uns debuxos teatrais, mais tarde interpretados por ele e por mim, num posto emissor particular. Não se tratava de uma estreia, mas de um reposição. Assim, não tive o ensejo de ver Rui Cinatti desempenhar o papel de Arlequim, de que ouvi dizer maravilhas. No espectáculo que presenciei, o poeta fora substituído. Se começo a falar de Fernando Amado é porque, através dele, cheguei a uma maior intimidade com Almada e ao orgulho de ter sido o primeiro intérprete teatral do genial desenhista. Mas um parêntesis: a minha convivência com Fernando Amado, as lições (teóricas) de teatro que dele recebi, a sua amizade (com que me honrou), merecem referências à parte. De momento, é Almada que me ocupa.
Em 1948, colaborei no Teatro-Estúdio do Salitre, como actor e... cenógrafo (ou, mais propriamente, maquetista). Estreei-me no dia 25 de Junho desse ano, no 7.º espectáculo «essencialista», que incluía peças de Claude-Henri Frèches, Carlos Montanha, David Mourão-Ferreira e Pedro Bom. Foram minhas as «indicações cenográficas», da Isolda, do David, e desempenhei o papel de Um Poeta Inspirado, na peça de Carlos Montanha, Fábula de Ovo. A partir desta data, e até à sua extinção, nunca mais deixei de participar nas actividades da salinha exígua do Instituto de Cultura Italiana. E foi assim que, um ano depois da minha estreia, tendo Fernando Amado obtido de Gino Saviotti autorização para levar à cena, no Salitre, dois originais portugueses (Antes de Começar, de Almada, e Casamento das Musas, do próprio Fernando Amado), aceitei de bom grado integrar-me no espectáculo, como intérprete da primeira peça e como ponto da segunda. O «bom grado» não chega para traduzir o meu entusiasmo (a minha vaidade, porque não?) em participar na estreia absoluta do dramaturgo José de Almada-Negreiros. Os ensaios realizavam-se ora no Teatro-Estúdio, ora em casa de Fernando Amado (que era o encenador), ali para o Campo Grande, no Palácio do Pimenta, que a Câmara de Lisboa depois adquiriu. Sentados no chão do gabinete de trabalho do encenador, com as paredes forradas de estantes, a Maria Antónia Joyce e eu (a Boneca e o Boneco do lever-de-rideau que, vinte e oito anos depois de escrito, ia conhecer finalmente o palco) obedecíamos, fatigados mas pacientes, às indicações sobre inflexão e mímica que Fernando Amado nos ministrava, rigoroso. Almada raramente assistia aos ensaios, mas sempre aprovava o trabalho feito. Sarah Afonso, autora dos figurinos que ela própria confeccionou, também só aparecia para as provas necessárias. Maria Antónia Joyce ia, a pouco e pouco, metamorfoseando-se numa boneca cor-de-rosa, com um espaventoso laço no chapéu, ao passo que eu desaparecia no trajo, tipicamente português, de pescador da Nazaré. Grandes máscaras de tarlatana, avolumando-nos as cabeças, encobriam-nos o rosto. E, na noite de 17 de Junho de 1949, Almada apresentava-se ao público (um público restrito, por culpa das dimensões da sala, onde se encontrava toute Lisboa artista e... um tanto snob, valha a verdade!) pela mão de Fernando Amado, no 11.º espectáculo do Teatro-Estúdio do Salitre. Nas vésperas, o encenador fora entrevistado pelo Diário de Lisboa, esclarecendo: «Antes de Começar é um lever-de-rideau, anúncio e promessa de espectáculo. "Antes de começar" o circo para crianças ou "antes de começar" a comédia do mundo, o público assiste, durante meia hora, a uma série de pequenas descobertas de linguagem teatral, feitas quase sem querer e como se fosse outra a ideia do artista. Aqueles a quem é familiar a obra de Almada-Negreiros não poderão deixar de recordar nessa ocasião trechos famosos da Invenção do Dia Claro.» A definição é exacta. Nada há a acrescentar, salvo o prazer quase físico que sempre domina o actor quando na posse de um texto em que a poesia lhe está, a cada momento, desvendando caminhos largos de compreensão e de transmissão. Antes de Começar foi recebido com entusiasmo unânime. A peça e a representação conseguiram agradar. Já Casamento das Musas teve o público (e a crítica) dividido, e para isso contribuíram os figurinos de Almada (quanto a mim, pouco felizes em gosto e originalidade - o galã vinha vestido como o conhecido anúncio do Porto Sandeman: capa, mazantini e botas, tudo negro), o cenário de Graziella Molinari - a filha de Saviotti - que se esforçara, sem bons resultados por «meter o Rossio na Betesga», ou seja, em implantar, num palco de pouco mais de dois metros e meio de altura, uma casa com dois andares praticáveis (lembro-me do ridículo que foi ver surgir à varando do 2.º andar a actriz Idalina Guimarães, de cabeça curva para não bater no tecto, gritando para o galã, que fazia esforços para não lhe chegar com as mãos: «Estás muito longe! Eu desço!») e, por fim, a interpretação de Fernando Amado, que foi para a cena com o papel em branco. (Do meu lugar de ponto, desesperei-me a soprar-lhe o texto, que ele, num justificável nervosismo, não conseguia ouvir.) No dia seguinte, os críticos dos periódicos foram benevolentes, sobretudo para a peça de Almada e para os seus intérpretes. Com uma excepção: Manuela de Azevedo, que, no Diário de Lisboa, registava: «Antes de Começar, escrito em 1921 por Almada-Negreiros que chama ao seu diálogo lever-de-rideau, não é verdadeiramente uma peça de teatro e, até, se empregamos a palavra diálogo é porque não temos outra forma de exprimir o monólogo a dois...
«Almada - que é um reinadio, um espírito original que um dia veio revelar-nos o segredo do nascimento de Homero - escreveu esta obrazinha no período pessimistamente revolucionário do seu estro e do seu talento incontestável. Não admira, por isso, que haja ali muita nebulosidade, muita coisa controversa e incontrovertível. O público, entre o qual nos contamos e como tal nos consideramos, fez esforços para atingir as verdadeiras intenções do autor, ao animar os seus "bonecos" de um sopro de vida humana. "O coração é uma boneca de seda". "Ela copiou-se em mim", "nós, os bonecos, somos a cópia de quem nos faz" - tudo isso talvez queira significar que os homens não passam de pobres títeres. Mas a nebulosidade para ter qualidade não chega a ter verdadeira altura filosófica: "tu não me viste bem por fora para saberes como eu sou por dentro". Depois, de repente, não se sabe porquê, fala-se do mar e da luz - "A luz não se engana, nós é que nos enganamos com a luz". E talvez por isso, ou sabe-se lá porquê, "Deus deu-nos um coração para não sermos tão pequenos como nós" - e "acredita no coração, a nossa cabeça tem de fazer o que ele quer".
«O carácter desta secção não permite mais largas referências às intenções antiteatrais de Almada-Negreiros que muito bem, diante da atitude dos seus ouvintes, pode ter concluído que as élites frequentadoras destes espectáculos continuam a ser uns cafres, por dentro, necessitando, por fora, dos banhos preconizados pelo Sr. Eça de Queirós...
«Embora. Desistimos da definição do seu trabalho tão bem colaborado por Sarah Afonso, que vestiu os bonecos, e pelos dois intérpretes, Maria Antónia Joyce e Couto Viana.»
E concluía:
«Enfim, o teatro precisa de ideias novas e de público melhorado. Mas parece-nos que não é com umas curtas coisinhas pseudo-intelectuais que se revelam autores, se criam actores e se conquista o público.»
Almada doeu-se muito com estes comentários (sobretudo, com aquele chamadoiro de reinadio) e respondeu, rectificando, que não tinha descoberto o nascimento de Homero, mas a sua personalidade, como demonstrara na conferência proferida na sede do Diário de Notícias (1944). Do mais que dizia da crítica, não me recordo, pois não guardei qualquer recorte. Do que me recordo, e vem a propósito, é da pergunta que Mário de Sá-Carneiro fez, certa vez, a Almada:
- De que é que você tem mais medo, neste mundo?
A resposta veio logo:
- Da estupidez.
Adiante.
O dramaturgo recém-estreado pareceu-me ter gostado do meu trabalho e encheu-me as mãos com todos os seus livros editados, desvanecendo-me com lisonjeiras dedicatórias. Passei então a frequentar-lhe o andar de S. Filipe Nery e, por vezes, a partilhar da refeição do casal, naquela sala de jantar iluminada por uma pintura de Amadeu de Sousa Cardoso. O teatro, por mercê do escpectáculo do Salitre, voltara a ocupar o espírito criador de Almada, que me leu duas peças, escritas por essa altura: Aquela Noite e O Mito de Psique. E as exibições do Teatro da Mocidade, por mim fundado e encenado, tiveram sempre a presença de Sarah e do marido, que me estimulavam com as suas opiniões. Aliás, Fernando Amado aí figurou, várias vezes, como autor, e a amizade entre os dois homens de teatro mantinha-se viva e actuante.
Quando me resolvia (pouco frequentemente) a subir o Chiado e entrar na Brasileira, lá encontrava o «Narciso do Egipto, poeta do Orpheu, futurista e tudo». Não, como denunciava o pseudónimo Delfim da Costa, «cangalheiro da cidade», «à espera que lhe vão dar os parabéns» pela «consagração da mediocridade na pessoa do Dantas que ele cantou sem ter ido parar à cadeia», mas à espera de aprender, com quem lhe chegasse ao pé, a vida, que, afinal, só ele sabia ensinar.
Certo dia (deve ter sido sob a égide da publicação das folhas de poesia Távola Redonda, ou seja entre 1950 e 1954), estando eu com o David Mourão-Ferreira e o Orlando Vitorino a uma mesa da Brasileira, e entrando em cena o mestre pintor, brada-lhe o Orlando:
- Ó Almada! Chegue-se, aqui, aos mais velhos.
Resposta dele, pronta, enquanto se sentava entre nós:
- Não sei quem são os mais velhos ou os mais novos. Eu, por mim, estou em idade escolar.
Parafraseando-o: de verdade, isto interessa a quem interesse Almada?
Em 1959, vem o tempo do Tempo Presente, e Fernando Guedes, seu director, e eu, do conselho de redacção, fomos pedir a Almada a peça Deseja-se Mulher, para publicar na revista e depois em separata. O pintor trabalhava então nos cartões das tapeçarias para o novo Hotel Ritz. Mas, no atelier, em frente à sua mesa de desenho, a parede estava coberta por uma reprodução fotográfica, em tamanho natural, do políptico de Nuno Gonçalves, de que ele descobrira a perspectiva dos ladrilhos. Enquanto esboçava os centauros dos cartões, não deixava de divagar sobre os mistérios dos painéis, para novas descobertas. Apontou-me uma delas: o molho de cordas, aos pés do santo, na tábua da direita, contornava, nem mais nem menos, o mapa de Portugal!
Deseja-se Mulher publicou-se nos três primeiros números de Tempo Presente. No terceiro, assinei um comentário à peça, aproximando-a de outras obras do escritor (Nome de Guerra e a conferência Direcção Única). No final do artiguito, confessava-me, na minha qualidade de empresário teatral, disposto a pô-la em cena. Mas esta glória caberia a Fernando Amado (como era justo!), na sua Casa da Comédia. Resignei-me. Os anos foram passando... para mim. Almada continuava o mesmo, sob uma larga boina espanhola e enfiada a magreza numa canadiana cor de mel. A cotação financeira da sua obra de pintor subira extraordinariamente. O genial retrato de Fernando Pessoa, que pintara para a saudade órfica dos Irmãos Unidos, atingiu o preço record de 1300 contos, num leilão excitante. Ele assistiu ao despique, sentado fora, na esplanada que dava para o Rossio. Alguém o felicitou pelo resultado. Respondeu almadamente: «Os Portugueses é que estão de parabéns.» E foi-se.
No dia 15 de Junho de 1970 (quase a fazer vinte e um anos a estreia de Antes de Começar), soube da sua morte. Fui vê-lo, no dia do enterro, à Basílica da Estrela. Um mundo de gente conhecida e desconhecida. O leilão dos Irmãos Unidos e uma entrevista brilhantíssima que dera num programa de TV (Zip-Zip), tinham-no arremessado, de novo, para a popularidade. À porta da capela mortuária encontrei o Padre António Dias de Magalhães, jesuíta (o pintor, não esqueçamos, frequentara o Colégio de Campolide), meu velho amigo, que me confidenciou: «Almada foi sempre Almada! Até a confessar-me os pecados... exagerou!»
Acompanhei o corpo aos Olivais; a um cemitério muito pequeno e muito limpo, refulgente de cal. O Sol, chispando sobre aqueles muros, iluminava mais o desfile grave. Que extraordinário dia estival! Não teria sido mais claro, se Almada o inventasse!
(3 de Junho de 1974)
in António Manuel Couto Viana, Coração ArquivistaLisboa: Verbo, 1977
pp. 173-184

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Antes de Começar

Inicialmente, em 2002, ensinava Teatro e Expressão Dramática no Externato Cesário Verde, em Moscavide, e propuz-me encenar o pequeno diálogo de acto único "Antes de Começar" de Almada Negreiros. É fácil, porque os personagens não têm profundidade psicologica, mas, esta peça de teatro que teve direito a uma palestra de apresentação, por parte do autor, aquando da sua estreia no Estúdio do Salitre em 17 de Junho de 1949, distingue-se pelo excelente diálogo vivo de uma flagrante oralidade, quase infantil.
Iríamos colorir "a coisa" num estilo musical, numa criação mais ou menos adaptada aos alunos que tinha e que iriam fazer parte do elenco, que tinham e têm aptidões para canto e dança.
Portanto, apesar de ser pouco mais que uma representação de escola, não iria ser uma apresentação qualquer.
Os grupos de Teatro que se iniciam, e mesmo os que estão instalados no etablishment dramático gostam de montar o "Antes de Começar", porque não é difícil, e nós também o íriamos fazer à nossa maneira, por exemplo repartindo as falas do Boneco e da Boneca por personagens inventados nas oficinas de expressão. Depois era umas canções à mistura, sendo que uma delas, já naquela altura sacada de um karaoke online, seria "Your Song" de Elton John que adaptando para português seria "O Teu Sonho".
Assim se criou um texto e uma encenação baseados no Acto de Almada, mas que contava a história de uns brinquedos, ao invès de marionetas tão em voga nos anos 10 do nosso Portugal, que durante a noite ganhavam vida e entravam no sonho das crianças.
Na montagem actual, propuz-me refazer o texto totalmente, numa historia totalmente minha. Em jeito de parodia mantive a situação inicial do Boneco se espantar por afinal não ser o "único que se podia mexer".
Leia o texto original de Almada nesta ligação >>>>>>>

e o elenco cresce ...

O que seria do Teatro sem encontros de vontades? O que seria das histórias se não quisessem ser mesmo contadas? O Teu Sonho, é um sonho de cada um de nós. Queremos comunicar que vale a pena acreditar na Vida, nos valores da amizade, do amor incondicional, em dar sentido aos desejos de cada um. Por tudo isto vai estrear com o elenco mais rejuvenescido do mundo, com a maior massa de talento que há memória, como se de diamantes por lapidar se tratassem, o espectáculo O Teu Sonho.
O elenco de O Teu Sonho é constituído quase totalmente pelos alunos dos Cursos de Ballet e Dança Contemporânea que promovemos na Casa do Artista. Ao primeiro repto que lançámos, eis que uma dezena de alunos e Pais de alunos menores corresponderam ao apelo e aí estão presentes no elenco e nas actividades de aula e ensaio. A direcção artística continua aberta a novas adesões a partir dos que irão cumprir o workshop Dança Café, a decorrer de 4 de Junho a 29 de Julho.Os ensaios dos actores, que são seis e que constituem o sustentáculo das apresentações, estão a decorrer, e a produção segue de vento em popa com o o superior apoio da estrutura de produção do Teatro Passagem de Nível, com o suporte insubstituível da Isabel Torres e da Carla Ferreira.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

...levar na cabeça, (é) PRECISO !

Dia de reunião com a direcção do TPN, estavam presentes além da minha pessoa, o Luís (presidente da direcção), o Ricardo, a Claudia, a Isabel , e a Carla (estas 2 meninas a grande ponte entre myself e o TPN neste projecto) e o Rui (marido da Carla, e possível responsavel tecnico deste projecto).
Encontro muito proveitoso para acerto de agulhas, entusiasmo, mas também pés na terra, abertura propria da juventude da direcção do TPN, mas também "caldos de galinha"...
O TPN é humano e generoso. São os "responsaveis" pelo despertar deste espectaculo adormecido de há varios anos.
Tudo se facilita, as coisas estão a vir ao meu encontro... até assusta.
Deus os abençoe a todos.

domingo, 29 de abril de 2007

Dia Mundial da Dança

Este blogue surge no dia mundial consagrado à Dança. Sendo este projecto algo que tenho acarinhado desde há uns anos a esta parte, só podia mesmo guardar para este dia em que tanto tive de fazer o arranque publico em termos de divulgação deste projecto.

Um dia de coincidências também, ora aprecie esta:

Os personagens, que são as duas irmãs e que têm o nome de Sofia e Leonor, podem ser comparados aos nomes das duas infantas das Asturias.

Uma menina nascida em Novembro de 2005 chamada Leonor, filha dos Principes das Asturias (Leonor), e hoje nasceu a sua irmã : Sofia.