musical infanto juvenil em acto único. Estreou no dia 21 de Julho de 2007, no Auditório de Alfornelos, Amadora, Portugal.

sábado, 30 de junho de 2007

Eureka e Ondas de Choque

O ensaio da passada quinta feira, pôs a nú todas as fragilidades deste espectáculo. Foi como um terramoto, e as ondas de choque aí estão.
Entre os maiores problemas se assinala a actuação das crianças integradas no decorrer da história contada pelas palavras dos actores. Quanto ao elenco infantil estou a referir-me principalmente às personagens dos Duendes (4 e 5 anos).
As meninas ensaiaram na sala habitual onde têm a aula de ballet, é um habitat balectico que já interiorizaram e com o qual têm uma relação de afecto. As meninas que estão há mais de 6 meses no Ballet na Casa do Artista, de certa forma consideram aquela a sua casinha para dançar, aquele espaço é o delas.
Ora o que aconteceu na Quinta-feira? Viram ali o professor delas (eu) a representar um papel em que o nunca viram.
Viram pessoal técnico do TPN a olhar aquelas danças, sabe-se lá com que olhos, e discussões "entras por aqui, sais por ali", enfim.
E no meio de tudo isto o professor pede: "Venham aqui agora pró meio dançar "os nenúfares"”. Tudo diferente do habitual.
O que será então que vai acontecer quando passarmos para o palco, a ter de correr para entrar em cena por corredores escuros e silenciosos?
Vamos resolver isto! Às crianças tem de ser prestadas instruções de coreografia claras e definitivas nos ensaios de Dança já a partir de Segunda feira, dia 2 de Julho, misturadas com as deixas de texto, de forma que passarão a ter a certeza do que vai ser feito. Elas vão precisar de ter alguém que as acompanhe fisicamente, o mais possível, quer em Cena, mas sobretudo nos bastidores. Pois que as Meninas sabem melhor o que fazer em Cena do que nos bastidores, e da forma mais profissional que se possa conceber.
É necessário sobretudo elas ensaiarem o mais possível no palco do TPN, e de lhes ser dadas as entradas. Mesmo as meninas menos atentas são sempre “puxadas “ pelas mais proactivas.
Eureka!, lembrei-me à meia hora:
Vamos fazer assim: altera-se a história, colocando os Duendes como ajudantes do Capuchinho Vermelho, assim, quando o Capuchinho está em cena, os Duendes também estarão. Por outro lado e utilizando os recursos pessoais da Actriz Maria Joana como profissional da Pedagogia, ir-me-á ajudar na gestão das Crianças.
Isto tudo o que estamos a fazer, só faz sentido se os nossos meninos estiverem felizes. Este espectáculo é para os nossos Filhos, e feito por eles.
Não é coisa de adultos que utiliza Crianças.
Mas também não é nenhuma brincadeira de Crianças.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

A grande neura

A Catarina Conceição foi operada na passada terça feira, e não veio toda esta semana. A operação correu bem e está a recuperar. A partir da próxima semana, vamos voltar a apreciar o que na gíria do Ballet se chama “ataque”, que a Catarina tem, entre outras qualidades. Daqui um beijo com votos de boa recuperação.
O “ataque” consiste na capacidade física de resposta aos estímulos musicais, e traduz-se, e sintetizando, “entrar na música” (outro jargão) no tempo certo.
Ontem a Ana Catarina Nogueira fez no primeiro ensaio “corrido” (são tantos os jargões de teatro e dança que mais vale deixar de usar aspas), de forma impecável, as honras das jovens protagonistas. Com o equipamento de ensaio de ballet apresentou muito profissional nos seus 10 anos. Cantou com a Marta (que está a aprender bem a canção) os versos do tema O TEU SONHO (your song).
Dia azarado: O portatil pifou. A camara para as cenas da janela olhando a Cidade também está a dar o badagaio. E é um mal estar generalizado. Uma neura. Que saudades eu tenho das brincadeiras estúpidas. Está Lua Cheia, claro. Só podia ser. Até ouço o uivar dos coiotes.
Acompanhou-nos no jantar, e depois pontando (vêem? aqui no pontar já não há aspas!) as falas, tingindo o ambiente de grande simpatia, a Ana Mafalda Luz. Reparei no ensaio de texto, já noite adentro no TPN, ter uma boa dicção. Uma voz clara, e límpida nas deixas Leonor/Sofia. Está convocada futuramente, sem dúvida. É só encontrar o papel certo.
A madureza interpretativa das meninas de 10 e 11 anos, e das outras meninas na casa dos 20 anos é uma coisa séria. Estou a referir-me claro, e também, à Maria Joana e à Marta Gomes. É fantástico: mantêm a frescura dos twenties, aumentada por uma compreensão imaginativa adulta.
Está toda a gente perdoada por utilizar a lei de menor esforço, mas isso tem a ver com o carácter português. O que se calhar também não é mau de todo.Bom! Aqui me fico. O meu mal é … sono.

Arte Democrática e Exigente

O Teatro é provavelmente a mais democrática das Artes. Aquela onde toda a gente cabe, aquela em que existe menos diferenças entre amadores e profissionais. E porquê? Porque simplesmente o Teatro é a vida, a condição humana, tal qual ela é, onde todos nós cabemos.
Não é como a música, ou sobretudo a Dança, artes que exigem técnica.
O teatro baste que um gajo arranje umas cadeiras, atira-se lá para a frente a dizer um texto decorado, e pede um subsídio, porque está a fazer Teatro.
É como o Cinema. Coloca-se a câmara a filmar um gajo a beber, ou a matar um cabrito, ou uma desinibida a despir-se, e pronto aquilo sai qualquer coisa. Portanto acha que está a fazer cinema, e toca de pedir um subsídio.
Sem ser elitista, castrador, tem de haver um critério. E não há critério que não seja polémico. É uma discussão de décadas, nesta terra.
Assim desde o matarruano que trata tudo com os pés, até ao intelectual que não sai do diletantismo, tudo cabe nesta terra que Deus nos deu, tudo cabe no teatro.
Será assim?
Claro que não. Alguém disse que o Teatro é como o Mar, pois que devolve à praia tudo o que não lhe pertence.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

A Prova dos Novos

A contagem decrescente não pára: faltam agora 23 dias.
Hoje na Casa do Artista, vamos ter a prova dos nove, pela primeira vez se vai integrar o elenco de actores, com as pequenas bailarinas, e com o staff tecnico a assistir e a tirar notas.
Ontem foi dia de sessão foto grafica nas aulas de Ballet e Dança Contemporânea com o meu corpo febril, mas animado por este sonho.
Agradeço a todos a dedicaçãoe paciência.
Desculpas pelos meus devaneios criativos, nem sempre de bom gosto, a querer fazer com a Marta naquela cena "down" da Partida da Floresta, um pas de deux ao estilo do Bolero de Maurice Béjart.
Daaaaah! Trol !!

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Pas de Deux, Projecções e Dramas

A cena 59 é crucial, é o culminar de uma profunda trsteza dos Bonecas na situação em que se encontram : tentei uns passos de um pas de deux com música mágica de Rodrigo Leão (não sei qual o tema musical), e muitas questões tecnicas de Ballet agora pode ser tarde demais, mas a cena pode ser de ir às lágrimas. Esta é a cena em qua a Mazona surge em princípio numa projecção. Por isso discuti com o Luis Mendes as condições pra tal: terei de levar a minha torre de processador e gravar previamente a actriz Isabel Torres nas falas.
Nas marcações foi sobretudo bombar com as cenas do Capuchinho , entre as cenas 22 e 47.
Outra cena dramática é a 44, cada vez mais apurada. A Marta num tom adulto, lucido e conclusivo cita Manuel Alegre denotador das condição clandestina dos Brinquedos:
"Mesmo na noite mais escura, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não".
Já ouvi dizer que o Herói é aquele que faz o que pode.
Os Bonecos são por isso os Heróis desta história... mesmo que vacilem entre as duvidas, a fanfarronice e o caracter medroso do Tozé, e a ingenuidade da Inês.
Amanhã na Casa do Artista a grande convocatória para o primeiro ensaio corrido, integrando as pequenas actrizes e bailarinas, com os actores adultos.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Dança Barroca

A Mazona leu um unico livro que a fez sonhar: foi a história de Dom Quixote de La Mancha e do seu fiel escudeiro Sancho Pança.
As coisa que a Inês sabe da Mazona ! É incrível.
Claro que o Tozé mais conhecimento do mundo lá fora pois que o arrumaram de forma a que esteve sempre olhando pela janela. Mas a Inês tem a noção da eternidade, de um cosmos que se confina em quatro paredes.
Ontem pontuamos num ensaio, podres de cansaço que nem as falas sabíamos, esta cena lindíssima interpretada pela Marta, com uma Dança Barroca.
E do que é que nos lembrámos? da Marie Antoinette, da Sofia ... Coppolla.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Tá feito!

Acabei agora de teclar no portatil, depois do primeiro café do dia, a letra da Canção para as meninas actrizes começarem bem o dia, e a cantar.
Foi em 2003, a partir do som your song, que me ocorreu fazer o tema em português "teu sonho". Foi daqui que nasceu o título desta peça.
São palavras em português metidas a martelo sobre a extraordinária melodia de Your Song. Ficou assim :
CATARINA CONCEIÇÃO:
Chegou a manhã
Tive um sonho e não sei
Mistério tesouro
Fácil se foi
Ah tivesse eu dinheiro …
O que faria?
Comprava uma casa onde pudéssemos viver

ANA CATARINA NOGUEIRA:
Se me dessem uma cor
Pr’a pintar a manhã
Como a nuvem que caiou
Todo o amor, por onde passou

Pode não ser muito o que
Tenho para dar
Meu dom é este sonho
Que te estou a contar

AS DUAS:
Podes contar a toda a gente
Este é o teu sonho
Gelado, profundo e quente
Triste e risonho
À lua também
Ao sol também
O brinquedo mais amado
Que bela é a vida se estiveres a meu lado


TOZÉ:
Solta-se a voz,
Acende-se a luz
No ar, voltam os versos
Feitos pra nós
De qualquer modo por entre as estradas
Por ti parti
Pra gente como tu…
Este é o teu sonho


MARTA GOMES:
Rocinante na Terra
15 Milhões de anos-luz
Por entre crianças
Amarelas, verdes azuis
De qualquer modo por entre as estrelas
Por ti parti
Teu sonho é afinal
O mais belo que vi

Podes contar a toda a gente
Este é o teu sonho
Gelado, profundo e quente
Triste e risonho
À lua também
Ao sol também
O brinquedo mais amado
Que bela é a vida se estiveres a meu lado

01-teclado

Há cerca de cinco anos a cantora Fatima Padinha (ex-Doce) teve um gesto lindíssimo para mim. A sua menina Catarina (Padinha e Passos Coelho) era minha aluna no Externato das Pedralvas e ao ouvir os CD's com que dava as aulas, gravou-me para mim e ofereceu-me o "Brincando Com Os Clássicos", dizendo-me: agora vais fazer aqui umas danças com isto.
Logo o primeiro tema é "A Máquina de Escrever". Essa batida alucinante com a qual já Jerry Lewis aplicou nos seus sktches há 30 anos.
A partir desta data, praticamente não houve apresentação do Ballet das Pedralvas em que as meninas não dançassem isto.
Dada a rapidez dos movimentos e as linhas de evolução tornou-se uma dança para a partir dos 6 anos, mas que meninas de 4 anos chegaram a dançar (tenho videos do "Teclado" com Carolina Silva, que por estar de férias não vai estrear este Sonho). O grito inicial foram as meninas que o inventaram.
Já não há maquinas de escrever.
Os teclados agora são todos QWERT (ao invés do antigo AZERT, chamado o teclado nacional português). As nossas meninas nem fazem ideia que os movimentos que fazem são familiares aos que têm mais de 40 anos, e até mais novos.
É esta coreografia que vai abrir o nosso musical, dançado pelas Meninas oprimidas da Fabrica da Mazona.

domingo, 24 de junho de 2007

São João Baptista

Falta menos de um mês. Faltam 27 dias!
Qual 27 dias, pra mim é já amanhã.
O ensaio de ontem correu bem, mas é sempre coxo, nunca consegui juntar o elenco todo de actores. A minha voz começou a ter alguns embargos de colera.
Tive até a notícia que meninas há, que é mesmo capaz de não virem nos dois proximos fins de semana. E mais aquelas faltas de protagonistas. Ou o trabalhar desalmadamente numas horas, porque depois vai haver umas dores de cabeça, quando não depressões. Enfim.
Toda a gente está bem, todos a executar momentos de arte sublime. Mas ... mas ... mas ... :
"Professor, posso ir embora às 7 horas?"(mais cedo); "Olhe, amanhã não posso vir. Tenho uma consulta no medico, marcada há dois meses"; "Antonio, amanhã é o meu aniversário, vou comemorar".
Tudo bem. Tudo bem. Tudo bem.
Vai ser um sucesso. Claro que vai. Sucesso. Sucesso. Sucesso.
Coisa nunca vista.
Claro hoje em dia tudo aparece feito, já amadurecido. Isso de as coisas se fazerem ao longo de um processo cronologico mais ou menos dilatado, é coisa de totós.
Que mentalidade é esta, em que a propria profissional que já não está neste projecto, e outros amadores (embora pensam que o não são), de julgar que o talento e o profissionalismo é tal de tal envergadura que nem precisam de ensaios ?
Bolas pra isto. Estou chateadíssimo.
Vou-me agarrar a essa figura de São João Baptista, o percursor do Messias, cujo exemplo de desapego, compromisso e entrega tanta falta faz nos tempos que correm.
Um santo que comeu lagartixas e mel silvestre, e que é celebrado com sardinhadas regadas a bom vinho. Antes isso.
São estas as reflexões neste dia de grande solidão do encenador, cujo trabalho é apenas decidir e comunicar. É tão difícil, é tão essencial, e é depois tão pouco quando o pano subir ...
Gostava de chorar. Também tenho direito. Mas não posso.
Amanhã já só faltam 26 dias, depois 25, depois 24, 23, 22 , 21 ...